No dia 20 de março é comemorado o Dia da felicidade, a data surgiu com o intuito de promover e exaltar a felicidade e a alegria entre as nações do mundo inteiro, promovendo a concórdia, a paz e o bem-estar, enfim, a felicidade coletiva. Assunto difícil nesses tempos de guerra, não é?
O Brasil ocupa a 38ª posição no ranking dos países mais felizes do mundo, segundo o World Happiness Report. Alguns aspectos contribuem para ficar tão distantes dos países nórdicos que estão no pódio da felicidade: Finlândia, Islândia e Dinamarca.
O Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o segundo país com o maior número de pessoas com burnout, síndrome relacionada ao excesso de trabalho e estresse.
Isso porque o mundo corporativo, muitas vezes vende a ideia de que para conquistar sucesso na carreira, é preciso abdicar de conforto em outras áreas da vida. É muito comum acompanhar histórias de êxito de quem enfrentou dificuldades ao longo de sua jornada profissional. Mas muito longe de desmerecê-las, a máxima ‘para ser feliz no futuro, você deve sofrer no presente’ não necessariamente se aplica na realidade atual.
Equilíbrio vida pessoal e trabalho
Para Renata Rivetti, diretora da Reconnect Happiness at Work, empresa especialista em felicidade corporativa e liderança positiva, um dos motivos que fazem com que países como a Finlândia tenha altos níveis de felicidade está relacionado ao equilíbrio entre a vida pessoal e ao trabalho, realidade que ainda é muito distante do Brasil.
“A pandemia mudou a perspectiva das pessoas em relação ao tema que passou a ser amplamente discutido, nunca se falou tanto em felicidade e bem-estar. No entanto, o maior desafio é como falar da importância de encontrar a felicidade em nossas vidas, em meio a tantos obstáculos?”, comenta Rivetti no portal da Reconnect Happiness at Work .
Segundo Renata, um ponto importante para entendermos essa infelicidade é de que talvez a nossa sociedade esteja buscando a felicidade da forma errada. “Acreditamos que seremos felizes quando alcançarmos um objetivo e conquistas materiais.
A verdade é que toda vez que conquistamos algo, há duas consequências que impedem uma felicidade duradoura: o aumento permanente de nossas expectativas e a comparação social. Podemos conquistar algo, mas sempre alguém terá ou será “mais” do que eu. Sempre verei alguém mais bem-sucedido e isso me mantém num ciclo incessante”, diz.
Trabalhadores felizes são mais produtivos
Segundo Luiz Gaziri, professor na FAE Business School, autor, consultor e especialista em comportamento humano, aquela era que combina jornadas de trabalho extensas, sem pausas para o almoço, cujas conquistas são fruto da renúncia de momentos em família ou lazer, deve permanecer no passado.
Como o exemplo claro de um ambiente de trabalho que não deve ser frequentado pela família de empregadores e empregados. “Esse é um cenário prejudicial ao indivíduo e à empresa, que acaba tendo resultados piores do que se promovesse um espaço onde as pessoas podem ser felizes”, divulgou o Exame.
E a conta bate. Trabalhadores felizes são 13% mais produtivos, de acordo com a Universidade de Oxford. Os pesquisadores envolvidos no estudo descobriram que os funcionários felizes não trabalham mais horas do que seus colegas descontentes – eles são simplesmente mais produtivos dentro de seu tempo de trabalho.
Em todo o mundo, apenas 13% dos trabalhadores estão engajados em suas empresas. No Brasil são 27% os engajados (Gallup).
Dicas para uma vida feliz
De acordo com a psicóloga especialista em terapia cognitivo-comportamental, Renata Zezza a felicidade pode ser definida como um conjunto de emoções positivas que leva a pessoa a um estado de plenitude e paz emocional, publicou o Tribuna de Jundiaí.
Para ela, existem sete fatores que devem ser levados em conta para ser um alguém feliz: ter relacionamento com pessoas saudáveis; manter emoções positivas; ter esperança; traçar objetivos a médio, curto e longo prazo; cuidar da saúde física e mental; ter boa noite de sono e ter equilíbrio financeiro.
Dos itens acima, a psicóloga destaca dois deles: “Ter pequenos objetivos diários e buscar alcançá-los também pode levar a um estado de plenitude. Os relacionamentos com pessoas saudáveis são fundamentais, na verdade são motivadores e contribuem diretamente para a felicidade acontecer”, ressalta.
No entanto, para o professor Luiz Gaziri, embora não exista uma fórmula exata para a felicidade, alguns hábitos comprovados pela ciência podem ser cultivados, veja:
1- Afinal, dinheiro traz felicidade?
O dinheiro é um dos meios que pode tornar as pessoas mais felizes. Mas não ao que diz respeito a investimentos para si mesmo. Segundo Gaziri, estudos de Harvard comprovam que o fato de gastar dinheiro com outras pessoas nos traz o sentimento de realização e felicidade exponencialmente maior do que quando fazemos para nós mesmos.
Neste mesmo raciocínio, agora de acordo com a Universidade de Cornell, conseguir proporcionar experiências, como ir ao cinema, a shows ou fazer viagens, também é uma forma de promover a felicidade. “Nos lembramos de uma viagem feita há dez anos, mas não de uma camisa comprada nesse mesmo tempo”, diz.
2- Gratidão no offline (e de graça!)
Um hábito simples e que pode despertar o sentimento de felicidade imediata. Estudos da Universidade de Stanford e Miami mostram que a gratidão pode ser exercitada todas as noites com a prática de escrever, em um caderno ou celular, cinco acontecimentos do dia pelos quais você é grato.
Segundo essas pesquisas, a felicidade aumenta de forma significativa com o passar das semanas. “Quando a gratidão é expressa às pessoas que nos ajudaram durante a nossa vida, ficamos mais felizes ainda demonstrando o reconhecimento pessoalmente”, conta ele.
3- Ajudar mais do que ser ajudado
Ajudar as pessoas ao nosso redor nos faz mais felizes do que quando somos ajudados. Uma pesquisa da Universidade da Califórnia feita com um grupo de funcionários de uma empresa os estimulava a ajudar outros colegas.
Durante as observações, os pesquisadores notaram que a colaboração no ambiente de trabalho aumentou 278%. “Quando vemos pessoas ajudando as outras, a tendência é copiar esse comportamento. No fim das contas, quem ajuda fica mais feliz do quem é ajudado”.
4- Quem não gosta de receber elogios?
A ciência comprova que o reconhecimento traz felicidade. Um experimento da Universidade de Cornell relaciona o ato de reconhecer e elogiar pessoas com a felicidade. Os dados obtidos a partir da pesquisa revelam que os alunos submetidos ao teste ficaram felizes ao exaltar determinadas características ou ações de outras pessoas e as pessoas elogiadas também.
Ou seja, o reconhecimento funciona para ambos os lados. No entanto, esse não é um hábito cultivado. As pessoas não costumam elogiar ou reconhecer umas às outras pelo medo de estranheza que isso pode ser gerado em que vai receber o elogio. Pura bobagem.
“Se o ser humano agir de acordo com a sua intuição, ele não vai conquistar a felicidade. É por isso que a ciência está aí para nos ajudar a dar tacadas certas”.
5- Enfim, o relacionamento
Muitos estudos demonstram que as pessoas ficam felizes quando interagem com qualidade umas com as outras. Elas, entretanto, acreditam que podem ser mais felizes assistindo a um filme, por exemplo, do que se relacionando.
De novo, a intuição trai a nossa felicidade. Quanto mais interação positiva nós temos no nosso dia a dia, mais felizes ficamos e mais felizes deixamos as pessoas ao nosso redor. Toda atividade que aumenta a nossa felicidade envolve outra pessoa.
“Observem que o inimigo das interações hoje em dia é o celular e perceba quantos caminhos inversos à felicidade nós tomamos no nosso dia a dia sem nem perceber”.