Depois de dois anos sorrindo com os olhos, cumprimentando-se com o cotovelo e mantendo o distanciamento social, quando a retirada da máscara foi anunciada, muitos ficaram se sentindo com medo e inseguros do retorno ao convívio social sem proteção.
O momento de fazer a retirada das máscaras, em ambientes abertos e fechados, tem chegado gradativamente em todo o Brasil, logo depois de países como Estados Unidos, Reino Unido e França as terem liberado.
Tal permissão tem gerado impactos, até mesmo receio e resistência em algumas pessoas.
A psicóloga clínica e neuropsicóloga de Libertas Psicología e Saúde, Rosemary B. Bezerra disse em entrevista concedida à Focando no positivo que é necessário que a mudança seja realizada de forma natural e gradativa, respeitando a particularidade e o próprio tempo de cada quem.
Foi difícil se acostumar com as máscaras e será difícil se acostumar a não as usar novamente. No processo, algumas explicações psicológicas poderão ajudar a entender o processo, confira a seguir:
Pânico a socializar
Algumas pessoas, jovens e adultos, adquiriram pânico do relacionamento social e ter que entrar em contato com essa realidade novamente, pode gerar medo, ansiedade e estresse explica a psicóloga.
“As pessoas estavam desacostumadas a ter que socializar, a ter que falar frente a frente com os outros e sair da zona de conforto. Nós paramos dois anos, ficamos estagnados em nossos mundos, esperando a pandemia passar. A volta as atividades é mesmo um processo de readaptação”, alerta Rosemary que também é terapeuta cognitivo comportamental e familiar.
Gatilho para ansiedade
Será que é seguro ficar sem máscara em ambientes fechados?” “Será que eu posso conversar com alguém sem estar com máscara e sem risco de contaminação?” Essas são algumas das perguntas que têm passado pela cabeça de muitas pessoas quando se deparam com o fim da obrigatoriedade do uso das máscaras, seja em ambiente aberto ou não.
Para enfrentar o medo, a psicóloga disse que a pessoa pode se libertar do uso da máscara aos poucos, em ambientes abertos com menos pessoas, até que se sinta em segurança e a vontade de circular entre mais pessoas.
Nos casos em que não utilizar a máscara torna-se um gatilho ansiogênico, é importante que a pessoa se exponha a situações que lhe permitam superar o medo apenas com o auxílio de um profissional da área da saúde, para que não aumente seu sofrimento com um adoecimento mental.
“Eu trabalho na terapia com algumas situações de exposição a níveis de ansiedade leve. Peço para os meus pacientes, por exemplo, ficar sem máscara quando estejam com poucas pessoas ao seu redor, num restaurante o espaço aberto. O tempo é o deles, para que o nível de ansiedade não dispare. O objetivo é que não se frustrem”, salientou Rosemary.
De cara para o mundo
Com a libertação do uso da máscara apareceu um novo dilema. De acordo com Rosemary as pessoas têm medo de mostrar o rosto e suas expressões faciais. Além de proteger contra o coronavírus, para algumas pessoas, a máscara cumpriu outras funções, como forma de esconder características físicas não aceitas, problemas estéticos e até mesmo como meio de ocultar sentimentos e expressões do rosto.
Segundo a psicóloga para tais indivíduos, a ausência da máscara poderá causar numa maior exposição, podendo tornar-se gatilho de ansiedade, visto a impossibilidade de ocultar o que consideram defeitos físicos ou demonstrar. sentimentos antes ocultados
“Esse é o momento de voltar a encarar a realidade sem fazer uso de algo que proteja o indivíduo escondido, ainda que a exposição seja realizada de forma gradual”, destaca a especialista de @libertas_psicologia