O rooftop do edifício das Nações Unidas, em Nova York, chamou a atenção nesta sexta-feira (16) com um misto de sons, cores e muita vida. Ao lado de artistas indígenas, o DJ brasileiro Alok realizou uma apresentação para promover a pauta ambiental e a cultura ancestral de povos originários do Brasil durante a 77ª Assembleia Geral.
O DJ Alok gravou uma performance ao lado de artistas indígenas para o seu mais novo albúm, que será lançado no próximo ano, com a promessa de levar a voz dos povos da floresta para o mundo.
“O futuro pode ser tecnológico e sustentável, mas para isso precisamos ouvir a voz da floresta e co-criar as soluções junto com essas vozes”, disse o artista, que também é presidente do Instituto Alok , que apoia ações sociais, culturais e ambientais no Brasil, na África e na Índia.
Participaram da gravação indígenas como Mapu Huni Kuî, Owerá MC, o Grupo Yawanawa, Rasu Yawanawa e outros. “O que a gente fez com Alok foi gravar a nossa música para passar de geração em geração, porque um dia isso seria preciso para compartilhar com os homens que não têm conhecimento do que é a floresta”, explicou Yawanawa.
O futuro é ancestral
A performance faz parte da programação que marca o lançamento do programa “O Futuro é Ancestral”, iniciativa do Instituto Alok, uma associação sem fins lucrativos criada pelo DJ e produtor musical, e do Pacto Global, plataforma da ONU que estimula empresas a adotarem práticas que promovam o crescimento sustentável e a cidadania; do qual a Globo é signatária.
O novo álbum, batizado de “Futuro Ancestral”, terá 100% do lucro revertido para a causa indígena.
Além disso, o processo de gravação dos singles e os bastidores foram filmados pela produtora de entretenimento de impacto Maria Farinha Filmes para dar luz a um outro projeto de Alok: um documentário que investiga a potência desse encontro.
“Desde que tive contato com a cultura dos povos originários, entendi a importância da preservação e disseminação de seus conhecimentos e de desconstruirmos conceitos, crenças e narrativas que contaminam a visão que adultos e jovens do meu país, e de todo o mundo, têm sobre os indígenas”, ressalta Alok.
Painel para a ressignificação do imaginário
Durante o encontro, empresas, instituições e especialistas irão compor um painel de debates sobre como a indústria do entretenimento pode contribuir para a ressignificação do imaginário sobre a identidade dos povos originários e sua importância para a co-criação de um futuro justo e sustentável, dentro do contexto desafiador das mudanças climáticas.
O objetivo é discutir com empresas, instituições e especialistas como integrar a cultura dos povos indígenas nas soluções de combate à crise climática e de que forma a indústria do entretenimento pode entrar nesse processo, ajudando na promoção do crescimento sustentável e da cidadania.
Fundo ancestrais para fortalecer cultura
Após o painel, as duas organizações assinam uma parceria para a criação do “Fundo Ancestrais do Futuro”, destinado a apoiar a produção de cinema, música, games e Web com o protagonismo dos próprios indígenas, além de programas baseados no uso de tecnologia para o bem-estar dos povos da floresta e na preservação da biodiversidade. A ação na ONU também é apoiada pelo Greenpeace.
A ideia do fundo é convidar empresas, ONGs e sociedade a contribuírem na criação de uma plataforma que fortalece a cultura e identidade dos povos originários.
“A partir daí vamos apoiar financeiramente projetos culturais e tecnológicos. Os indígenas são menos de 5% da população mundial, mas são responsáveis pela proteção de aproximadamente 80% da biodiversidade global, ou seja, temos muito o que aprender com eles no âmbito da crise climática”, destacou Alok.
Time de peso
Um time de peso participou dos debates: jovens indígenas como Eric Terena, membro idealizador da Mídia Índia e integrante da Youth4Climate, Samela Sateré-Mawé, comunicadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil e ativista do Fridays for Future Brasil, e Kamikia Kisedje, fotógrafo e cineasta ambiental.
Além disso, estiveram presentes também o cientista Carlos Nobre, Marcos Nisti, cofundador da Maria Farinha Filmes, Carolina Pasquali, diretora executiva do Greenpeace Brasil, Patricia Ellen, empreendedora da economia verde e sócia da Systemiq e da Aya Initiative, o próprio Alok, fundador do instituto que leva seu nome e dedica recursos a diversas causas sociais, e Cris Bartis, co-fundadora da Plataforma Mamilos de Diálogo.
Com informação do G1