Turismo regenerativo: tudo o que você precisa saber

Você já imaginou a possibilidade de viajar para um paraíso natural e ainda contribuir para a regeneração daquele ecossistema, assim como para o bem-estar da comunidade que ali vive? Isso mesmo, visitar, mas também se envolver; mudar de ares e, como presente, ser modificado pela experiência, premissas do chamado turismo regenerativo.

O turismo regenerativo busca não só conservar, mas também recuperar, resgatar e regenerar os inúmeros impactos negativos causados aos ecossistemas, culturas e indivíduos enquanto atividade turística.

Além de roteiros sustentáveis, as viagens regenerativas requerem o envolvimento social, econômico e cultural, ou seja, elas precisam tornar o destino turístico em um lugar melhor do que ele era antes. É preciso impactar positivamente as comunidades visitadas.

Quais são os princípios do turismo regenerativo?

O turismo regenerativo se baseia em três pilares: o destino, comunidades locais e meio ambiente, e não apenas no aspecto turístico. Propondo, assim, uma relação mais harmoniosa entre viajantes, natureza e sociedade.

 O consultor de turismo regenerativo Martín Araneda também argumenta que o turismo regenerativo em primeiro lugar, concentra-se em abordar a vida, a saúde e a resiliência com o objetivo de atender a esses três fatores que têm impacto sobre comunidades, cidades e vilas.

Isto leva a maiores benefícios para todos e à valorização de conceitos como “inovação, integração social, revitalização da cultura e modos de vida; além de restauração ecológica e proteção de locais para conservação”, explica ele.

“A busca por um sentido de lugar é essencial, porque, a partir de suas características e qualidades únicas enraizadas em sua história natural e cultural, pode-se encontrar o potencial inerente que esse lugar tem”, acrescenta. Desta forma, o desenvolvimento do turismo favorece o estilo de vida de seus habitantes.

No Brasil

Tendência emergente no setor global de viagens, o turismo regenerativo começa a ganhar adeptos no Brasil.

Grupo de profissionais, majoritariamente mulheres, já desenvolvem há algum tempo várias vertentes de turismo responsável/regenerativo, afirma Carla Mott Ancona, fundadora e coordenadora geral da MAPS – Projetos Sustentáveis.

Segundo Carla, a pandemia foi um grande catalisador dessa tendência. No entanto, o movimento já existia. “A regeneração desenvolve a identidade de uma comunidade, resgatando suas riquezas sociobio regionais, ao invés de impor à comunidade uma adaptação a um modelo operacional pré-estabelecido”, ela explica.

Conheça seis destinos que praticam o turismo regenerativo de acordo com o portal Yam.com.vc :

1- Amazônia paraense

Na Amazônia paraense, a Amana Jornadas propicia o encontro com a grandiosidade tanto da região dos Rios Arapiuns e Tapajós quanto das pessoas que vivem ali.

A viagem abarca imersões na mata, banhos de rio, contato com a população ribeirinha e seus saberes ancestrais, além de visitas a projetos que envolvem bioconstrução, permacultura, agrofloresta e gestão de resíduos.

Além de fortalecer os vínculos com o povo da floresta, possibilitando a criação de projetos em parcerias e o turismo consciente local, a ideia é trazer a atenção para temas que precisam ser cada vez mais disseminados como alternativas benéficas ao planeta e a todos nós.

www.amanajornadas.com.br

2-Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses

Essa paisagem surpreendente é formada durante a época de chuvas, mudando a cada temporada por conta dos ventos fortes. A área de pouco mais de 150 mil hectares é protegida e abriga, além de pescadores e comunidades nômades, uma grande diversidade de fauna.

O roteiro oferecido pela Amana Jornadas inclui visitas às comunidades locais para conhecer a vida cotidiana e tradições da região, culinária simples, da terra, e momentos de relaxamento para receber toda a energia desse oásis e se inspirar com a beleza de sua imensidão azul e branca.

www.amanajornadas.com.br

3-Chapada Diamantina, Bahia

Longas caminhadas, banhos em cachoeiras de todos os portes e horizontes escancarados. Esse é o cartão-postal padrão da Chapada Diamantina.

Com a Amana Jornadas, há a possibilidade de ir além por meio de roteiros que oferecem intensa conexão com a natureza e com a população local.

Durante as trilhas, por exemplo, o guia/provocador, nascido e criado na Chapada e um grande estudioso da região, conta toda a história da localidade, desde suas formações geológicas até a forma como o garimpo moldou a região.

Os roteiros que passam pelo Vale do Pati também têm a magia de nos conectar com os moradores e nos mostrar o que significa viver em um local tão isolado e de difícil acesso.

www.amanajornadas.com.br

4- Comuna de Ibitipoca, Minas Gerais.

Este projeto socioambiental começou com a compra da Fazenda do Engenho, datada de 1715, e hoje abrange mais de 5 mil hectares que se estendem pelos municípios de Lima Duarte, Bias Fortes e Santa Rita do Ibitipoca.

 A propriedade, que atua como um cinturão de proteção para o Parque Estadual do Ibitipoca, é uma área de Mata Atlântica em franca recuperação de sua fauna e flora.

Além disso, a Comuna fomenta o resgate da cultura local e o empreendedorismo dos moradores da região alinhado aos valores regenerativos. Há três opções de hospedagem: na sede da fazenda, em bangalôs e no vilarejo de Mogol, uma típica vila interiorana onde os turistas podem vivenciar o dia a dia no campo.

https://ibiti.com/pt/

Como um turista pode ser regenerativo

A antropóloga Alexia Pauls lista algumas recomendações para que os turistas pratiquem esta atividade de forma regenerativa. Primeiramente, ela sugere fazer uma busca consciente ao planejar uma viagem.

Ao chegar ao local, ela recomenda manter uma atitude “de abertura, de curiosidade para conhecer e se conectar com as pessoas e contribuir conscientemente com os recursos que deixamos para trás”.

Reconhece que as práticas sustentáveis (por exemplo, não jogar lixo em qualquer lugar ou evitar garrafas descartáveis) devem ser mantidas e enfatiza a importância de encontrar bons operadores e serviços turísticos.

Aponta que é possível também para os prestadores de serviços de turismo contribuírem de forma positiva.

Por exemplo, “as agências de viagem têm a oportunidade de fazer uma grande diferença, promovendo projetos que têm um impacto positivo sobre o lugar e sua gente”.

As companhias aéreas, por sua vez, “podem otimizar rotas, o uso de combustível e, como empresas, investir parte de seus lucros em projetos regenerativos para os destinos para os quais voam”, recomenda ela.

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