Quando o assunto são os Jogos Olímpicos, mitologia, história, memória e realidade se convergem. Símbolo máximo do espírito esportivo, a chama olímpica teve sua origem há quase três mil anos.
À época, o século 8 a.C., nos primórdios dos Jogos Olímpicos, o elemento divino do fogo era mantido aceso em frente aos principais templos da Grécia Antiga, entre eles o santuário de Olímpia, que recebia as competições esportivas e até os dias de hoje é o berço da chama que percorre o país-sede do evento e representa a paz, a união e a amizade.
De lá para cá, muita coisa mudou. Veio a Era Moderna e o início do modelo atual dos jogos, em Atenas-1896, mas a cerimônia semelhante à dos dias atuais só teve sua estreia em 1928, nos Jogos Olímpicos de Amsterdã. Em terras holandesas, pela primeira vez na história foi acesa uma pira que manteve o fogo aceso durante toda aquela olimpíada.
A tradição, porém, não foi esquecida. Para assegurar a pureza da chama, ela é acesa com os raios do sol em frente ao Templo de Hera, em Olímpia.
O revezamento
Já o revezamento da tocha, que transporta o fogo originado na Grécia para o local dos Jogos, aconteceu pela primeira vez em 1936, quando a chama chegou a Berlim, na Alemanha, depois de percorrer mais de três mil quilômetros.
O fogo olímpico se mantém mais vivo do que nunca. Mesmo que tentem apagar a chama olímpica com uma arminha d’agua, como aconteceu no revezamento para as Olímpiadas de Tóquio em 2021.
O trajeto simboliza os mensageiros da antiguidade, que viajavam pelas cidades anunciando a data da competição. Além disso, a ocasião marcava a chamada Trégua Sagrada, que se iniciava um mês antes do início dos Jogos e se estendia por todo o evento. Neste período, todas as guerras eram cessadas.
Embora seja conduzida a maior parte do tempo em terra firme, pelos atletas, ex-atletas e personalidades envolvidas com o esporte em alguns Jogos abusaram da criatividade.
Em 1948, pela primeira vez, ela cruzou o oceano, mais precisamente o Canal da Mancha, num barco para chegar a Londres; e em 1952, embarcou numa aeronave rumo a Helsinque, na Finlândia.
Momentos marcantes
Desde a origem da cerimônia, momentos marcantes não faltaram à história da chama olímpica. Em 1964, o japonês Yoshinori Sakai, nascido em Hiroshima no dia 6 de agosto de 1945, no exato momento em que uma bomba nuclear devastou a cidade e deixou mais de 100 mil mortos, foi o responsável por acender a pira olímpica na cidade de Tóquio.
Em Cidade do México no 1968 Enriqueta Basílio (atletismo) entrou para a história ao se tornar a primeira mulher a acender a pira olímpica. Apesar da honra, a atleta não foi bem na competição e não passou das eliminatórias das provas que participou: 400 m rasos, 80 m com barreiras e revezamento 4 x 100 m rasos.
Em Barcelona-1992, a pira foi acesa de uma das maneiras mais originais e emocionante já vistas. O arqueiro Antonio Rebollo atirou do gramado uma flecha em chamas para acender o fogo olímpico. Ele é até hoje o único atleta paraolímpico a acender a pira de uma Olimpíada. Rebollo competiu em três edições de Jogos Paraolímpicos com duas medalhas de prata e uma de bronze.
Medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004 na maratona, Vanderlei Cordeiro de Lima foi homenageado com a honra de acender a tocha olímpica no Estádio do Maracanã na cerimônia de abertura da Rio-2016.
Medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Atlanta-1996 nos 400 m, Cathy Freeman foi a responsável por acender a pira em Sydney-2000. Durante a competição em Sydney, levou o ouro na mesma prova. É até hoje a única atleta a acender a pira e ser campeã na mesma edição olímpica.
Tóquio 2021
A chama olímpica dos Jogos de Tóquio-2020, tristemente adiados para este ano em razão da pandemia do novo coronavírus, foi acesa na madrugada desta quinta-feira, 25,/3 em uma cerimônia atípica no Japão. O evento, portanto, seguiu de pé, contrariando a vontade da maioria dos japoneses e em meio a uma série de dúvidas sobre os protocolos sanitários que serão adotados.
A cerimônia de abertura dos jogos olímpicos de Tóquio acontece nesta sexta-feira, 23/7, no Estádio Olímpicoàs 8h (horário Brasília) apenas com a presença de alguns chefes de Estado e convidados reduzido.
Até a abertura, a tocha passou pelas mãos de 10.000 corredores em 47 cidades até chegar ao estádio .
Fotos: divulgação