A pesca de arrasto junto à costa destrói a possidônia oceânica, planta marinha que fornece oxigénio ao mar, e devasta todo o ecossistema marinho, com o desaparecimento dos peixes e de todo o ciclo de vida do mar.
Observando o impacto devastador da pesca de arrasto desde a década de 1980, que passou a prejudicar seu sustento, o pescador italiano Paolo Fanciulli, 63 anos, buscou soluções inovadoras para o problema na vila de Talamone, na costa Sul da Toscana, Itália.
Através da sua Associação ‘La Casa dei Pesci’ – ‘A Casa do Peixe’-, o pescador Paolo conseguiu envolver empresários e artistas na criação de um museu subaquático, onde a beleza das estátuas colocadas no fundo do mar estão impedindo a pesca de arrasto.
O pescador Paulo luta de forma incansável, com a mesma determinação de há 40 anos. Ele sentiu-se sozinho e desanimado, mas também apoiado por muitas pessoas e pelas organizações ambientais internacionais.
Ele não quer parar, porque o mar é um bem de todos e é fundamental para a nossa sobrevivência”, diz o correspondente da Euronews, Luca Palamara.
“O mar é a minha vida e emocionei-me muito quando tive a ideia de colocar arte no mar, porque se eu tivesse dito a mim mesmo que era melhor continuar a colocar blocos de cimento no mar, talvez você nem estivesse aqui agora. Ninguém me teria ouvido”, diz Fanciulli.
O museu
Paulo conseguiu a doação de 100 blocos de mármore de uma pedreira – que por sinal era a favorita de Michelangelo – e convidou escultores talentosos, como Emily Young, Giorgio Butini, Massimo Lippi, Beverly Pepper entre outros, que esculpiram sereias, guardiões e estruturas que lembram bairros medievais.
E assim criou, colaborativamente em 2013, um museu subaquático, numa simbiose bem-sucedida entre arte e natureza.
Posicionadas em círculo a cerca de 7,5 metros abaixo da superfície, com um obelisco ao centro esculpido pelo artista italiano Massimo Catalani, as esculturas servem como uma barreira física para as redes de arrasto.
Cardumes de peixes passeiam entres as esculturas cobertas de algas e proporcionam uma experiência artística imersiva para mergulhadores.
A estrutura permitiu a restauração da Posidonia, erva marinha essencial para o ecossistema mediterrâneo porque serve de abrigo para ovos de peixes e crustáceos. Consequentemente, outras espécies ressurgiram ao local, como as lagostas.
As visitas ocorrem com hora marcada, em passeios guiados de mergulho ou para mergulhadores autorizados. A iniciativa de Paolo restaurou a vida marinha local e inspira a conservação marinha por meio da arte por outros indivíduos ao redor do mundo.