Ítalo Ferreira é o primeiro campeão olímpico da história do surfe. O brasileiro alcançou o feito na madrugada desta terça-feira 26/7 e levou a medalha de ouro ao superar o japonês Kanoa Igarashi na final da modalidade nas Olimpíadas de 2020, realizada na praia de Tsurigasaki.
A conquista faz Ítalo se consolidar como um dos grandes nomes da história do surfe na atualidade. Afinal, além de ser o primeiro medalhista olímpico de ouro da modalidade, também é o último campeão mundial, em conquista assegurada em 2019 – em função da pandemia do coronavírus, o campeonato não foi realizado no ano passado.
O surfer de 27 anos acredita que o feito pode estimular crianças e jovens nordestinos a perseverarem no caminho do esporte. “Acho que isso (ouro no surfe) serve de inspiração para aqueles que vêm de baixo, que têm sonhos, que acreditam até o final, que foi o que fiz, e (que precisa) aproveitar todas as oportunidades da vida. Às vezes a gente só tem uma. Então eu vivo intensamente. Eu sabia que aqui era uma oportunidade de mostrar meu melhor, de sair com essa medalha, até porque eu vim com esse sentimento, de vir e ganhar o campeonato” afirmou o surfista.
Momentos difíceis são combustível
A conquista histórica no Japão fez ítalo mergulhar novamente na sua história. O início da carreira não foi fácil. Ainda criança, costumava usar as tampas de caixa de isopor do pai para vender peixe como prancha. As dificuldades o tornaram mais forte e mais determinado a alcançar seus objetivos.
“Quando você vem de baixo, quando você passa por dificuldade, você tem mais vontade, mais garra, mais determinação. Alguns atletas que têm histórias incríveis de superação, usaram aqueles momentos difíceis como combustível. Não foi diferente comigo”, salientou
Ítalo não esquece de suas raízes, tanto que mora em Baía Formosa até hoje, assim como os pais. Inclusive, a preparação para os Jogos Olímpicos foi feita grande parte na cidade, localizada no litoral do Rio Grande do Norte e a 94km de Natal.
Amém que o ouro vem
“Eu vim com uma frase para o Japão: diz amém que o ouro vem. Eu treinei muito nos últimos meses, mas só tenho que agradecer a Deus por tudo isso, realizou o meu sonho e me deu a oportunidade de fazer o que amo. Meu intuito é ajudar as pessoas e a minha família. Entrei sem pressão na água e consegui o que queria”, disse Ítalo.
Contou que o último mês ficou em casa mesmo, para recarregar as energias, para estar com as pessoas que ele ama, com aquelas que realmente acreditavam e estavam ali com ele, com seus amigos que surfavam com elo logo cedo e incentivando-o e falando o que estava certo ou errado.
Se Italo já é inspiração para nordestinos, isso já mostrou a carreata em Baía Formosa depois do ouro conquistado. Mas ele quer algo mais concreto. O surfista lembrou que planeja a construção do Instituto Ítalo Ferreira na cidade, com o objetivo de ajudar as crianças por meio do esporte.
A medalha de Ítalo é a quinta do Brasil nesta edição das Olimpíadas, se juntando às pratas de Kelvin Hoefler e Rayssa Leal no skate e aos bronzes de Daniel Cargnin no judô e de Fernando Scheffer na natação.
Fotos: divulgação