A arquiteta paulistana Danielle Khoury Gregório, 27 anos, desenvolveu um projeto de moradia para cerca de 30 famílias ribeirinhas em Manaus intitulado “Sobre as águas da Amazônia”, Habitação e cultura ribeirinha. O trabalho recebeu diversos prêmios. Dentre eles, o primeiro lugar no concurso internacional da IE School of Architecture and Design, de Madri, na Espanha
Além do prêmio, à arquiteta ganhou uma bolsa integral para mestrado na universidade.
Danielle formada pela Universidade de São Paulo – FAUUSP (2019) com intercâmbio na universidade alemã Karlsruher Institut für Technologie (KIT), confessou que não estava com tantas expectativas quando inscreveu o projeto no concurso, mas acredita que o tema da pesquisa cooperou para a conquista. “O cuidado com a região amazônica está bastante em alta. Eu fiquei feliz por conseguir o prêmio, mas também por dar um destaque maior a esse tema”, disse ela.
Moradora da maior cidade da américa latina, São Paulo, há mais de 2.600 quilômetros de distância de Manaus, Danielle enxergou a cultura amazonense e projetou moradias que atendesse às necessidades dos ribeirinhos que habitam às margens do Igarapé do Quarenta, na capital do Amazonas, para seu trabalho final de graduação apresentado em 2019.
Sem mesmo conhecer Manaus, pesquisou bastante para entender o contexto e a grande crise habitacional que a cidade enfrenta hoje. Com a falta de políticas públicas e planejamento urbano eficiente, parte da população com menos recursos passou a viver em palafitas nas margens de rios e igarapés, de forma desumana e precária.
Famílias em vulnerabilidade social
Danielle alinhou as situações climáticas como as cheias e as secas, à vulnerabilidade social, já que a maioria das pessoas que vivem na beira dos rios estão lá por não possuírem condições financeiras de morar em outro local e pensou também, na identidade cultural dessa população, já que essa realidade é comum em todo o Amazonas.
O projeto foi pensado para os moradores do igarapé do Quarenta, em uma área próximo ao bairro Educandos, na Zona Sul de Manaus, onde muitas famílias vivem em condições de vulnerabilidade social. Com isso a arquiteta entendeu que esse edifício deveria ser de baixo custo, mas com condições de atender essa população carente.
O projeto surge em resposta a essa situação, com a intenção de desenhar um conjunto habitacional que leve em consideração a cultura e a paisagem local, trazendo uma reflexão sobre a produção da habitação social atualmente.
Em harmonia com a paisagem
Segundo Danielle para o projeto foi considerado a realidade e cultura tradicional dos povos ribeirinhos, que vivem em palafitas e flutuantes. “Então o desenho está baseado nessa arquitetura tradicional. Como eles vivem em uma área de várzea, o nível dos rios varia ao longo do ano. Por isso foi criado um edifício pensando nessa adaptação a variação do rio, usando uma técnica similar ao que é usada para a construção dos flutuantes”, explicou a arquiteta.
“Eu pensei em algo que estivesse em harmonia com a paisagem. É um conjunto habitacional simples e não muito diferente do que são as palafitas da região. Até porque a proposta é ser uma habitação de interesse social para essas pessoas que vivem em situação precária. Para isso eu pensei em uma estrutura de madeira com um encaixe simples das vigas, com uma cobertura com telhas termoacústicas, já pensando nas chuvas. É um material que não é tão caro”, salientou.
A professora do Departamento de Projeto da FAU que orientou o trabalho, Helena Ayoub Silva, ressalta que “a proposta prevê a construção de edificações de uso misto: comércio, equipamentos comunitários e moradia, destinadas à remoção da população que habita áreas de risco, sujeitas à inundação ou desmoronamento, procurando considerar as particularidades, espacialidades e soluções adotadas pela habitação tradicional ribeirinha da região”.
Outro ponto de destaque, de acordo com Helena, é que a estudante também investigou materiais que melhor se adequassem às condições físicas e de temperatura do local, além de ter uma atenção especial com as questões ambientais, do conforto, da eficiência e aproveitamento energético, utilização adequada e racional dos recursos empregados, entre outros aspectos.
Fotos: Reprodução / Sobre as águas da Amazônia – Habitação e Cultura Ribeirinha
Thanks for your blog, nice to read. Do not stop.
Thanks
We appreciate your message, thank you very much