Às margens do rio Negro, no município de Novo Airão no Amazonas (AM), artesãos aproveitam resíduos de madeira da construção naval local e os transformam em verdadeiras peças de arte. São os mais variados produtos, como caixas, utensílios de cozinha e objetos decorativos.
Tudo feito com a técnica milenar da marchetaria, que combina diferentes cores de madeira para criar efeitos ornamentais nas peças. A iniciativa é idealizada há mais de duas décadas pela Fundação Almerinda Malaquias (FAM), organização não-governamental que promove formação profissional, geração de renda e educação ambiental na região.
“Capacitamos jovens e adultos para atuarem na produção de artesanato sustentável. Os cursos de formação acontecem uma vez por ano”, diz Paulo Henrique Queiroz da Silva, diretor administrativo e financeiro da instituição.
A capacitação para artesãos é oferecida há 23 anos e tem o objetivo de incentivar as pessoas a adquirir habilidades e conhecimentos que estimulem seu desenvolvimento pessoal e profissional.
Renda para 50 famílias
A FAM se responsabiliza pela gestão e venda dos produtos na loja física, localizada na sede da fundação, e na virtual.
Segundo Silva, a venda do artesanato gera renda para 50 famílias de artesãos locais, garante a manutenção da oficina de marcenaria e paga a equipe de vendas que se dedica exclusivamente à gestão da loja, além de apoiar demais programas de educação da FAM, divulgou o portal um só planeta.
Na loja virtual, os produtos variam de R$ 42 a R$ 400 e podem ser entregues em todo o Brasil. Além da beleza das peças, elas têm a vantagem de serem sustentáveis, uma vez que dão vida nova a materiais que seriam descartados.
O diretor conta que a história da capacitação dos artesãos se mistura à própria origem da fundação.
O empreendedor Miguel Rocha da Silva, dono de uma empresa de turismo ecológico na região, criou a FAM para realizar seu antigo sonho de oferecer formação profissional aos jovens carentes de Novo Airão.
Marcenaria com sobras de madeira
O nome da instituição é uma homenagem aos seus pais, Almerinda e Malaquias, e a ideia de ensinar o ofício da marcenaria com sobras de materiais foi quase que natural, já que sua família ajudou a desenvolver a construção naval do município.
A instituição começou a tomar forma a partir de 1997 com ajuda do suíço Jean-Daniel Vallotton, turista apaixonado pela região amazônica e que, coincidentemente, teve formação técnica em marcenaria.
Foi em 2.000 que a FAM começou, de fato, a oferecer a capacitação a artesãos. Depois, em 2005, estendeu seu campo de atuação para outros programas de orientação profissional e educação ambiental.
“Podemos estimar que mais de 2,4 mil pessoas, entre jovens e adultos, homens e mulheres, participaram de cursos de formação ministrados pela FAM. Atualmente, temos mais de 250 pessoas participando dos programas de formação”, finaliza Silva.
A fundação sobrevive a partir de doações e aceita trabalhos de voluntários.
Fotos: FAM