A prática de venda e compra de roupas e objetos usados começou no subúrbio da capital francesa Saint Quen, por volta de 1900, onde eram feitas feiras de trocas. A atividade ganhou maior popularidade com a crise produzida pela primeira e segunda guerra mundial.
A origem do nome brechó seu deu no Rio de Janeiro do século 19, quando um homem de nome Belchior criou a primeira loja de roupas e objetos de segunda mão.Devido ao fato de que muitas pessoas tinham certa dificuldade em pronunciar o nome do vendedor, o nome de Belchior foi adaptado, foi daí que nasceu o termo “brechó”.
No Brasil, a oferta de moda de segunda mão teve um crescimento exponencial. A TROC, o maior brechó online do país, faturou seu 10º milhão, vendendo mais de 80 mil peças em 2019 o que dá uma noção de um dos setores mais promissores da chamada economia circular.
Com a pandemia a atividade foi mantida com o faturamento das lojas online, mas, deram a volta para cima com a retomada do contato com o público, disseram vários empreendedores.
Araras abarrotadas de roupas e cheiro de naftalina? Nada disso! os brechós ganharam nova roupagem, com espaços modernos e itens de qualidade.
Nos dias atuais eles se tornaram tendência por promover o consumo sustentável e económico, uma vez que a indústria da moda é a segunda que mais polui o meio ambiente. Além da valorização de pequenas empreendedoras quem tem o brechó como fonte de renda.
Reciclando e reusando
Em Curitiba capital do estado do Paraná no Brasil, a cultura dos brechós tem ganhado cada vez mais popularidade, com o crescimento de microempreendedores neste ramo, disseram vários lojistas. A rua Riachuelo no Centro da cidade é um exemplo, com sete brechós diferentes.
Sem receio de usar roupas de segunda mão o lema naquela rua é “reaproveitando, reciclando e reusando”, confessa Anna Marechal de 28 anos, cliente habitual dos brechós.
“Compro peças impecáveis de marcas incríveis cuidadas como novas e com precinhos de brechó. Para meu filho pego atualizações temáticas com looks de séries e filmes. Eu aproveito tudo”, disse Anna.
Para Helena Almeida de 34 anos, brechonista nata, além dos garimpos de peças vintage, os brechós também têm peças autorais incríveis para deixar qualquer look mais estiloso sem gastar muito.
Brechó Pur Luxe
Roupas acessíveis, que unem conceito, qualidade e sustentabilidade: essa é a proposta do Brechó Pur Luxe.
O espaço começou a funcionar em 2016, no Sítio Cercado e, atualmente, conta com dois lojas no centro de Curitiba, em frente ao Cine Passeio. A demanda aumentou tanto que o negócio se diversificou em brechó feminina e masculina.
Segundo William Xavier, gerente da loja masculina, a ideia é “trazer aos seus clientes um ambiente agradável , sem empilhamento, cheiroso, com todas as roupas lavadas e higienizadas, onde possam se sentir confortável em suas compras. Com ótimo atendimento, peças selecionadas, de ótima qualidade e com preço justo.”
A loja feminina tem três andares e muita variedade. Trabalha com roupas, calçados, bolsas e acessórios. O preço médio das peças varia a partir de R$ 23. Apesar disso, é possível encontrar itens mais baratos, bem como peças que passam de setecentos reais, dependendo da qualidade e da marca.
Também tem itens de marcas famosas, como Michael Kors, Arezzo e Adidas, algumas ainda com etiqueta. Tudo por um décimo do valor!
De acordo com William a seleção das roupas é pensada em estilos diferentes dentro da moda urbana. “Temos estilos clássicos, vintage, alternativo, marcas e grifes e masculino.”
Por outro lado, o brechó trabalha com a compra de desapegos à domicílio. Para isso, são necessários no mínimo 25 itens para que a avaliação seja realizada. O cliente pode vender as peças ou trocar por crédito na loja. Inclusive, quem se decidir pela troca, ganha 20% a mais do que no dinheiro.
A brechó Pur Luxe faz sucesso, em média são 50 peças vendidas por dia. Paulo Rebouças de 28 anos é um cliente fiel, disse “Amei a loja, tudo impecável e preços justos! As peças são de qualidade. Recomendo.”
Brechó Central
O frio chegou no Curitiba e com ele a demanda por casacos, cachecol e botas contou Inácio Domingos gerente do Brechó Central.
Sabe aquele look com blazer e peças em tons neutros? Você o encontra no Brechó Central. Perfeito para quem busca peças atemporais que combinam com tudo.
O foco da loja é proporcionar preços justos e acessíveis em peças para todos os públicos: feminino, masculino e infantil, além de sapatos e acessórios. O preço médio das peças varia entre R$ 25 e R$ 85.
Naquela rua a concorrência é grande e o diferencial, disse Inácio, está no atendimento.
Central trabalha com compra de peças usadas e trocas. Para quem se interessar, basta levar os desapegos até a loja e eles serão avaliados na mesma hora. Atualmente, as peças de inverno estão sendo priorizadas.
“Tudo o que é reaproveitado não vai agredir o meio ambiente. Talvez a peça não sirva mais para você, mas pode servir para outra pessoa”, salientou o gestor.
Colete & Corselet
O conceito da Colete & Corselet é trabalhar com roupas clássicas, antigas e excelente qualidade.
Blusas de renda dos anos 1970, vestidos com mangas bufantes e estampadas, bem como calças de avós ressignificadas. É claro que estamos falando de peças vintage! A Colete & Corselet é um dos brechós em Curitiba que se especializou nesse segmento.
A ideia de criar o brechó surgiu depois que Márcio Oliveira decidiu viver em um mundo com menos desperdícios, com mais reuso e reaproveitamento. Assim, tudo começou com uma loja online há 12 anos e com atendimento domiciliar.
Aos poucos, a clientela foi aumentando, a loja ganhou um espaço em um salão de beleza e, em seguida, abriram uma loja física própria. Hoje em dia, o Colete & Corselet está localizado no edifício Carmen, no centro da cidade.
Na hora de garimpar as peças, Márcio preza por itens clássicos, antigos e de qualidade, ou seja, peças que marcaram uma época. Depois, esses itens são higienizados e ajustados. Por fim, são vendidos e ganham uma nova casa.
Os preços começam a partir de R$ 45 e podem chegar a valores elevados caso a peça seja rara. As compras podem ser feitas por meio do site, WhatsApp ou DM do Instagram e o envio é feito para todo o Brasil.