Cirque du Soleil se reinventa mais uma vez e volta ao Brasil

O Cirque du Soleil foi durante anos um dos maiores embaixadores culturais de Quebec, a província canadense onde surgiu em 1984. Sua inteligente mistura de fantasias, cores e contorções tornou esta companhia circense a mais famosa do mundo.

Mas, o Cirque (como é coloquialmente chamado no Canadá) tornou-se uma fonte de preocupação em vez de orgulho.

Quando já estava claro que todo o planeta iria parar por causa do coronavírus o presidente e CEO do Cirque,  Daniel Lamarre foi forçado a dar o que pode ter sido a ordem mais difícil de sua vida: a suspensão de mil funções das 44 mostras que tinham ativo.

De faturar milhões de euros por dia, eles passaram a ter que reembolsar milhões pela venda antecipada de ingressos e demitir 95% de seus 4.000 trabalhadores, divulgou El País.

Três meses depois a empresa que, pela sua dimensão, parecia mais bem preparada financeiramente para enfrentar a paralisação da pandemia, declarou falência e declarou uma dívida de cerca de um milhão de euros.

Lamarre achava que o fim havia chegado. “Foram semanas difíceis e o futuro parecia sombrio, sim. Mas rejeitei essa ideia desde o primeiro momento. Meu papel era que isso não acontecesse”, lembrou o gerente em entrevista concedida à El Pais.

Do sucesso à falência

No meio, uma tempestade de especulações. Era difícil entender por que uma empresa cujo crescimento foi estudado como uma história de sucesso nas escolas de negócios caiu no abismo em apenas três meses.

Segundo Forbes Brasil 160 milhões de pessoas já assistiram alguma apresentação do circo. Ainda foram revelados valores arrecadados com algumas das produções do Cirque du Soleil: US$ 30 milhões com a turnê Varekai, que estreou em 2002; US$ 50 milhões anuais com o espetáculo dedicado aos The Beatles; e US$ 157,3 milhões arrecadados em 2013 com a produção em homenagem a Michael Jackson.

Foi então atribuído à dívida de um milhão de euros acumulada desde o cofundador Guy Laliberté, que vendeu suas ações para três grandes investidoras que mudaram o modelo de gestão, o que escureceu a imagem ensolarada que a empresa projetava até então.

O presidente e diretor geral do Cirque du Soleil a duas décadas, Daniel Lamarre disse a máxima é: nos reinventar e nunca parar de surpreender o público

Mas a essa suspeita era preciso somar a novela de negócios que surgiu com a guerra que estourou entre proprietários e credores pela tomada do controle da marca, além do reaparecimento de Laliberté como socorrista com uma oferta de compra e até mesmo a proposta do governo de Quebec de um empréstimo para tirá-la do buraco. Naquela época, muitos consideravam o Cirque du Soleil como morto.

Um ano depois, a empresa surpreendeu novamente com um renascimento milagroso. Além disso, Lamarre garante que a imagem da marca não foi prejudicada pela crise.

“Em absoluto. O que vivenciamos nos círculos financeiros não foi repassado aos telespectadores. Prova disso é a grande recepção que estão tendo todos os shows que retomamos. Contribuiu para isso que, durante todo o tempo em que ficamos desempregados, não paramos de manter contato com o público por meio da plataforma virtual Cirque Connect, com vídeos de nossos programas que foram assistidos por 70 milhões de pessoas”, afirma o gerente.

Financeiramente saudável

O horizonte parece, de fato, claro. “Temos novos investidores que injetaram 375 milhões de dólares (333 milhões de euros) que nos garantem estabilidade financeira suficiente para enfrentar os desafios que temos pela frente”, explica Lamarre.

Esses 375 milhões foram aportados pelos seus principais credores, liderados pelo grupo de investimentos Catalyst, que há um ano apresentou a proposta de assumir o controle total da empresa em troca da eliminação da dívida acumulada.

Dos 4.000 trabalhadores dispensados no ano passado, metade dos que fazem parte do núcleo permanente (cerca de 1.200) e os artistas que participam dos shows voltaram às pistas.

Com contas saudáveis, Lamarre confia não só que a crise será um pesadelo em breve, mas que o Cirque du Sol, que não parou de se expandir desde sua fundação em 1984, retornará ao caminho de crescimento que percorreu no duas últimas décadas: os sete programas ativos que a empresa possuía quando ele chegou, em 2001, caíram para 22 em apenas uma década e para 44 quando estourou a pandemia.

“Tivemos muitos imitadores em todos esses anos, mas nenhum se igualou a nós. Isso porque tentamos a tempo tudo nos reinventar e nunca parar de surpreender o público. Investimos em P&D, novas tecnologias, efeitos visuais, cenografia moderna”, afirma o prersidente.

É a máxima que sempre norteou o mundo circense para se manter vivo: ainda mais difícil. Só então, a aventura de Lamarre, poderá enfrentar sua enésima reinvenção.

Investimos em P&D, novas tecnologias, efeitos visuais, cenografia moderna”, afirma o presidente

A retomada

Lamarre, 68, nascido em Quebec viajou à Espanha para apoiar a campanha promocional que a empresa lançou nos últimos meses para anunciar seu retorno às pistas ao redor do mundo.

Já retomou sete shows fixos em Las Vegas com o espetáculo “Mystère” , outro na Riviera Maya e a turnê de Alegría, estreou um novo show em Orlando e em janeiro do ano que vem vai apresentar Luzia no Royal Albert Hall de Londres.

Mas não será até março 2022 quando voltará a erguer a sua emblemática tenda itinerante na Europa, e fá-lo-á pela primeira vez em Barcelona com Luzia, que se mudará para Alicante em julho e Madrid em novembro.

“Bazzar” é a 43ª produção original do Cirque du Soleil, desde seu surgimento, em 1984

Volta ao Brasil com o espetáculo ‘Bazzar’ 

Quase três anos depois de sua última passagem, o Cirque du Solei anunciou nesta segunda-feira, 22/11, que retornará ao Brasil em setembro de 2022 para uma temporada de shows em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Na capital paulista, os shows acontecerão no Parque Vila-Lobos entre os dias 8 de setembro e 27 de novembro de 2022. Em terras cariocas, “Bazzar” será apresentado entre os dias 8 e 31 de dezembro, no estacionamento do Riocentro.

Criado em 2018, “Bazzar” é a 43ª produção original da companhia. Com 33 artistas, o espetáculo estava programado para desembarcar no Brasil em agosto de 2020, mas foi impedido de acontecer por causa da pandemia de covid-19.

 “Fizemos várias tentativas de trazê-los durante esse período”, conta Stephanie Mayorkis, diretora da IMM, produtora responsável por trazer o show ao país.

 “Vamos presentear o público brasileiro, que gosta tanto do Cirque du Soleil. E estamos felizes de anunciar a turnê e abrir as vendas este ano, mesmo que o espetáculo seja apenas ano que vem”, disse.

O show é sobre reinvenção, uma fusão de ideias e talentos de uma cativante trupe de acrobatas, dançarinos e músicos, que cria uma atmosfera inspiradora

“Bazzar” condensa a emoção, a potência de sons e cores e o encanto de um lugar onde diversos personagens arrebatadores se encontram, como em um tradicional bazar. Além de inspirar o nome do espetáculo – o “z” acrescido ao termo original representa o loop temporal sugerido pela aventura -, este espírito também é capturado perfeitamente durante a encenação.

Alegre, espontâneo e surpreendente, o espetáculo celebra a diversidade, a união, a liberdade e também o legado do próprio Cirque du Soleil. Não por acaso, há referências a números que remetem às primeiras paixões dos fundadores da companhia, como cuspidores de fogo, pernas de pau, além dos artistas e dos músicos de rua.

Ingressos

A pré-venda dos ingressos, exclusiva para clientes do Bradesco para a temporada paulistana, começou nesta terça, 23, e vai até 14 de dezembro.

Já os membros do Cirque Club poderão adquirir ingressos a partir do dia 15 de dezembro, enquanto o público em geral poderá comprar os ingressos a partir do dia seguinte, 16/12.

Os preços variam entre R$ 280 e R$ 620 no pacote promocional. No regular, vão de R$ 310 a R$ 690.

A montagem conta com 33 artistas e músicos que se unem para dar forma a um universo extravagante e único, onde o inesperado é esperado e o fim da história, na verdade, é apenas o começo

“Esse é um momento em que as pessoas estão avidas para celebrar e estarem juntas. Querem um 2022 alegre e com boas notícias. Por isso, quisemos abrir as vendas com essa antecedência para poder anunciar a volta do Cirque ainda este ano, neste momento de retomada da cultura e melhora dos números da pandemia.”

As tabelas parecem ter se invertido novamente: do sucesso à falência em três meses e da falência novamente ao sucesso em menos de um ano.

1 comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *