Conheça os doutores que cuidam da saúde dos ribeirinhos da Amazônia

Ajudar o próximo é um dos atos mais prazerosos para o ser humano! E isso se acentua se a ajuda for para quem mais precisa, sem solicitar nada em troca.

Um grande exemplo é o Projeto Doutores das Águas, criado em 2011, que nasceu com o intuito de levar atendimento médico, atendimento odontológico, práticas de higiene e informação para as populações ribeirinhas da Bacia Amazônica.

Em um barco transformado em hospital e moradia, o projeto Doutores das Águas leva atendimento em saúde, vacinas e práticas de higiene à população ribeirinha em áreas remotas da Bacia Amazônica.

Mais de uma década ajudando

 “Foi com um grupo que fazia pesca esportiva na Amazônia e sempre encontrava um ribeirinho com dor que perguntava se havia médico no grupo”, explica a médica infectologista Rosana Richtmann, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, uma das voluntárias do projeto.

“Sempre tinha um ou dois que examinava e dava uma medicação, mas isso não está certo, a gente vem até aqui e vê essa coisa exuberante e não faz nada em troca? Então nós vamos estruturar algo, e foi feito o barco hospital de três andares com consultórios médicos, odontológicos, farmácia e que também é nossa moradia”, conta para CNN Brasil.

Expedição

O barco hospital sai de Manaus, capital do Amazonas, percorre nove rios: Negro, Amazonas, Madeira, Madeirinha, Canumã, Sucunduri, Acari, Arariá e Abacaxis para atender povoados ribeirinhos.

São quase 40 horas de navegação até chegar ao primeiro povoado. O coordenador médico do projeto, Francisco Leão, conta o propósito do grupo: “A gente decidiu fazer esse projeto para melhorar a qualidade de vida dos ribeirinhos para que eles permaneçam e não saiam daqui, porque quem defende a Amazônia são eles, não somos nós, porque eles vivem da Floresta Amazônica sem tentar tomá-la”, diz.

“Esse que é o grande problema de quem tenta domar a Amazônia, nunca ninguém conseguiu porque ela é indomável”.

Uma festa: a única assistência médica ao ano

Ao chegar na comunidade de Bom Jardim, os Doutores das Águas são recebidos com uma placa de boas-vindas, o que emociona o grupo.

Voadeiras e rabetas, barcos típicos dos ribeirinhos movidos a motor, e canoas multiplicam-se pelo rio Sucunduri vindo de outras comunidades ao redor.

Algumas famílias banham seus filhos no rio e outras maquiam-se e vestem a melhor roupa para receber a equipe de saúde. “A única assistência médica que eles têm o ano inteiro somos nós”, diz Richtmann.

Ao desembarcar, a médica é recebida pelo líder comunitário Raimundo de Souza Dias, que já se apressa para mostrar o posto de saúde de madeira construído e doado pelos Doutores das Águas em expedições anteriores.

“Não funciona faz anos porque não tem agente de saúde”, conta Dias. “E se ficar doente? Faz como?”, questiona Richtmann. “Faz um chá de cidreira”.

Cuidado em saúde

De acordo com Fish TV News a visita acontece uma vez por ano e atende entre dois mil e três mil ribeirinhos, promovendo melhoras em vários indicadores de saúde e da qualidade de vida dessas comunidades. Em cada viagem, cerca de 50 voluntários estão presentes para ajudar.

O que mais alegra os responsáveis pelo Doutores das Águas são os resultados, em números, desses anos de ajuda. São mais de 13 mil atendimentos médicos e odontológicos realizados em 18 comunidades.

No último ano, o projeto contou com um aumento de 29%. Noventa e oito voluntários já participaram do projeto e, nos últimos cinco anos, por exemplo, eles navegaram por mais de 10 mil quilômetros.

Apesar da maioria dos voluntários terem participado de mais de uma expedição, cada visita é uma sensação nova e muito gratificante, segundo os participantes.

Desde 2015, o projeto Doutores das Águas conta com um barco ambulatório, projetado, especialmente, para atender às necessidades das atividades, trazendo dinamismo aos atendimentos e expandindo o número de ribeirinhos beneficiados.

O barco, que foi construído através do apoio de doadores do setor privado, é equipado com quatro consultórios odontológicos completos, com cadeiras e raio-x, esterilizador; quatro consultórios médicos, sala de pequenas cirurgias, farmácia, refeitório, cozinha, acomodações para funcionários; oito suítes com capacidade para até 32 voluntários e área de lazer.

A Equipe 

A equipe médica dos Doutores das Águas é coordenada pelo Dr. Francisco Leão, Urologista e um dos idealizadores do projeto.

Trabalhando na prevenção de doenças, realizando pequenas cirurgias, diagnosticando e aplicando medicamentos, testes e vacinas, sua equipe conta, anualmente, com nove pessoas, entre médicos de diferentes especialidades, farmacêuticos e enfermeiras.

A equipe odontológica, coordenada pelo profissional Rubens Hirano, conquistou muito espaço dentro do projeto devido aos excelentes resultados obtidos na saúde bucal, que refletem diretamente na saúde como um todo.

O objetivo é trabalhar, cada vez mais, a prevenção, diminuindo consideravelmente os procedimentos cirúrgicos. Sua equipe é composta de dez pessoas entre dentistas, um gestor e auxiliares.

A equipe de educação recreativa surgiu da necessidade de levar informações básicas sobre higiene, saúde e bem-estar de forma didática e lúdica.

A responsável pela gestão é a coordenadora Samla da Rosa. Sua equipe conta com cinco voluntários, entre recreadores, educadores e técnicos em higiene bucal.

Por fim, a área administrativa é coordenada por Cristina Ancona Lopez, que é o elo com doadores e voluntários, organizando todos os trâmites de divulgação, transporte, compras e vendas. Sua equipe conta com um auxiliar e ajudantes voluntários, quando necessário.

O coordenador geral do Projeto, Rubens de Almeida Prado, mais conhecido como Rubinho, comenta como a população precisa e espera, ansiosamente, a visita anual dos Doutores das Águas.

“Eles ficam nos esperando, todos os anos. Porque, depois de uma década, a gente já passou a fazer parte da vida dessas pessoas”, comenta Rubinho.

Ele ainda diz que a população ribeirinha não possui outro atendimento por perto, e se precisarem de ajuda urgente, precisariam sair de suas comunidades, contado com um barco disponível, com combustível e recursos, além de navegar entre 30 e 40 horas para até chegar até esses locais.

Vídeo CNN Brasil

Com informação da Fish TV News

Todas as fotos são de autoria do Doutores das Águas

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