O meio ambiente tornou-se pauta em diversas discussões – e a reflexão sobre o consumo não ficou de fora com destaque para as Fast fashion.
De acordo com dados disponibilizados pela Ellen MacArhtur Foundantion, a indústria da moda é a segunda maior poluente do mundo, ficando atrás apenas da petrolífera.
Além do grande consumo de água para a produção das peças, a utilização do poliéster como matéria-prima também preocupa, afinal, grande parte da composição do tecido é proveniente do plástico – e apenas 1% é reciclado.
Alem disso o fast fashion, tendência que cria peças acessíveis “descartáveis”, produz roupas que duram menos de 1 ano e estas são incineradas ou enviadas para aterros 87% das vezes.
Uma fast fashion pôde ser sustentável?
Existe a possibilidade de uma fast fashion se mexer verdadeiramente em pró de uma moda mais consciente, justa, sustentável? Não seria sustentabilidade e fast fashion dois conceitos completamente opostos e, portanto, impossível de serem conciliados?
São essas perguntas que surgem quando vemos varejistas famosas por despejar roupas no mundo fazendo projetos com apelo sustentável.
A resposta divide opiniões: há quem diga não haver qualquer chance de marcas de fast fashion se alinharem aos conceitos de sustentabilidade e há quem defenda que pelo menos elas estão fazendo algo frente às necessidades vigentes.
É evidente que, a curto prazo, as grandes varejistas não vão a lugar nenhum e precisam fazer alguma coisa em resposta aos constantes questionamentos do público.
Apesar da informação que 10% das emissões de gases de efeito estufa provém da indústria têxtil não ser lá muito confiável, sabemos que a moda, por seu tamanho e importância, demanda muita energia em todo seu processo de produção.
Na maioria dos países onde as roupas dessas grandes fast fashion são produzidas, como China, Índia, Bangladesh e Vietnã, a energia elétrica para manter as fábricas e máquinas em funcionamento provém do carvão, fonte de energia não-renovável e altamente poluente.
As fábricas de moda consomem, sozinhas, mais de 130 milhões de toneladas de carvão para gerar energia (uma pessoa nos Estados Unidos, por exemplo, consome em média 6 mil kilos por ano entre consumo doméstico e transporte).
Ao adentramos no quanto as questões climáticas impactam na vida das pessoas, o problema fica ainda pior e um repensar dessa questão de energia e da produção de roupas se mostra ainda mais urgente.
Se as grandes varejistas de moda estão interessadas em fazer uma moda sustentável, não deveriam elas em um esforço coletivo investir, em parceria com os governos locais, em fontes renováveis de energia para operação das fábricas e máquinas que fazem seus produtos?
O problema continua com a poluição da água, devastação do solo e uso excessivo de plástico.
A mão de obra
Na indústria da moda como um todo, cerca de 80% das trabalhadoras são mulheres e menos de 2% delas ganham o suficiente para viver em condições dignas. Para ganhar mais, elas precisam fazer horas extras e chegam a trabalhar mais de 75 horas por semana [3].
Se as grandes varejistas de moda estão interessadas em fazer uma moda sustentável, não deveriam elas economizar um pouquinho no marketing e nas grandes campanhas, e investir nas pessoas responsáveis por produzir seus produtos, para que elas tenham condições de vida mais dignas
Está na hora de ir além
Depois desses dados todos, fica difícil ver algumas iniciativas como realmente relevantes. É extremamente importante investir em reciclaje e sabemos que os recursos financeiros para investimento em pesquisa está na mão das grandes corporações. Mas é urgente ir além.
Ou melhor dizendo, já passou da hora. Enquanto muitas iniciativas se respaldam no discurso da “criação de uma moda sustentável”, prometendo um futuro brilhante, as empresas por trás delas estão destruindo nosso presente com a indústria que elas mesmas ajudaram a criar e insistem em ignorar.
Com informação de Modefica
Fotos: divulgação