Até chegar ao prato o pirarucu habita na Bacia Amazônica em águas rasas dos rios e lagos. Nos garfos dos mais exigentes e de paladar em paladar, alcançou a posição do peixe mais procurada da região. O que pouca gente conhece é a figura desse peixe em toda sua imponência natural.
O peso, que pode chegar a duzentos quilos, e o comprimento, de até 3 metros, contados da cabeça à cauda. Por falar nela, a pigmentação vermelha nas escamas do pirarucu dá o nome da espécie, união de dois termos em tupi: pira (peixe) e urucum (vermelho).
Exuberância e grandeza que tiveram um preço alto sobre o pirarucu. Em certas partes do país, como o médio curso do rio Solimões, o peixe esteve sob o risco de extinção nas décadas de 1980 e 1990.
Com a assessoria técnica do Instituto Mamirauá e a mobilização dos pescadores locais com a prática do manejo, as populações de pirarucu se restabeleceram e voltaram a habitar os rios e lagos da região. Trata-se de um modelo de conservação e geração de renda que deu certo e está sendo multiplicado em outros estados e países da Amazônia.
O que é pirarucu de manejo?
Antes do projeto de manejo, a pesca do pirarucu era realizada individualmente ou pelos membros do núcleo familiar, ocorrendo ao longo de todo o ano. A produção era comercializada no porto da comunidade, de maneira fragmentada.
No âmbito do projeto de manejo, a pesca passou a acontecer em grupo, e no período da seca (setembro a novembro), o que facilita a logística de captura e venda, bem como permite o maior controle da produção.
A comercialização transformou-se numa modalidade coletiva, por meio de associações comunitárias, setoriais ou pelas colônias, associações e sindicatos de pescadores.
Desde então, os pescadores envolvidos participam de capacitações e encontros, estabelecem regras de uso dos recursos, realizam contagem dos estoques, protegem os cursos d’água onde pescam, e comercializam sua produção.
A cota de pesca é determinada conforme o resultado das contagens, prevendo a remoção de, no máximo, 30% dos adultos contados, deixando os 70% restantes para assegurar a reprodução da espécie.
A pesca manejada ajudou a aumentar o estoque natural da espécie nas áreas envolvidas em 427%, em média, com um aumento anual médio de 25%.
Selo de Denominação de Origem
Recentemente o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) publicou a concessão da Indicação Geográfica (IG) de Denominação de Origem (DO) para o pirarucu manejado.
O selo irá acompanhar os pirarucus pescados em sistema de manejo sustentável, valorizando o produto no mercado, fortalecendo o preço do pescado e beneficiando os manejadores da espécie.
O registro, concedido pelo INPI, envolve nove municípios do Estado do Amazonas (Alvarães, Fonte Boa, Japurá, Juruá, Jutaí, Maraã, Tefé, Tonantins e Uarini). A área delimitada abrange as unidades de conservação Floresta Nacional (Flona) de Tefé, Reserva Extrativista (Resex) Auatí-Paraná e as Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (RDSM) e Amanã (RDSA).
Pirarucu no prato
O pirarucu é o peixe mais importante do Amazonas. Ele está presente no cardápio de todos os estabelecimentos.
É considerado um peixe versátil, podendo ser preparado de várias maneiras. Em caldeiradas, molhos amanteigados ou de creme, moqueca.
Determinadas partes do peixe são mais indicadas para preparos específicos, como a barriga, que é indicada para ser assada, e o lombo, adequado para a preparação de pratos crus, como o ceviche, pois o peixe não tem espinhas.
Filé de pirarucu com molho de leite de coco e gengibre
Ingredientes
150 g de filé de pirarucu
Molho:
100 g de leite de coco
30 g de pasta Miso
2 g de raspas de limão
20 g de manteiga
10 g de gengibre
Modo de preparo
Molho
1. Bater todos os ingredientes até que alcance uma textura homogênea.
Peixe
1. Marinar o peixe junto com o molho por 15 minutos;
2. Levar ao forno por 15 minutos até que fique dourado;
3. Servir, se possível, em uma folha de bananeira e cortes de limão.
Fotos: divulgação