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A principal atividade econômica do Amazonas no final do século XIX e início do XX foi a produção e venda da borracha de ótima qualidade, período de grande ascensão econômica da região. Com isso, todos os olhos europeus estavam voltados para o norte do Brasil.

A visita ao Museu do Seringal Vila Paraíso localizado no Igarapé São João, na área rural de Manaus (AM), é uma viagem para o ciclo áureo da borracha.

Neste mês, o espaço completa 20 anos e para celebrar, o museo abrirá para visitas turísticas aos domingos, das 9h às 15h. 

No espaço é possível conhecer desde o processo de produção das pelas de borrachas até a diferença entre o modo de vida do seringueiro, o qual vivia em condições análogas à escravidão, e a do dono do seringal, conhecido como o Barão da borracha, que ostentava uma vida de luxo e conforto, mesmo estando dentro da floresta.    

Inaugurado no dia 16 de agosto de 2002 o museo é uma réplica de um seringal que existiu no município de Humaitá (a 450 quilômetros de Manaus).

Cenário de filme

O local serviu de cenário para o filme A Selva (2002), dirigido por Leonel Vieira e estrelado pela atriz Maitê Proença com participações de Chico Díaz, Gracindo Júnior, Cláudio Marzo, Roberto   Bonfim, José Dumont e o ator português Diogo Morgado como protagonista.

A visita dura mais o menos uma hora, onde a guia vai contando a trágica história dos seringueiros, percorrendo os vários cenário.

Começa com a apresentação do Casarão do Barão da borracha o seringalista. A casa tem vários ambientes que mescla a rusticidade e sofisticação.

O colorido da casa de madeira, a sala, a cozinha e os quartos são ricamente mobiliados, com objetos de época e de valor, louças finas e trajes refinados.

Móveis, louças, adornos e até um piano eram trazidos da Europa e da Ásia para o meio da selva por capricho dos barões da borracha.

“As roupas usadas pelo barão e sua família eram enviadas para lavar na França”, conta Judith Guimarães Vieira, que garimpou a maioria das peças exibidas no museu e hoje é guia dos visitantes.

Barracão do Aviamento

Outro ambiente visitado é o Barracão do Aviamento, onde os seringueiros eram obrigadoo a pegar seus instrumentos de trabalho e entregavam sua produção em troca de comida.

“Eles precisavam produzir pelo menos 50 quilos de borracha por semana para poder retirar a comida. O problema é que nem sempre conseguiam e ficavam endividados”, diz Judith.

Capela Nossa Senhora da Conceição

A capela Nossa Senhora da Conceição também vale a visita. “Era aqui que os seringueiros rezavam por uma vida melhor, o que dificilmente conseguiam”, diz Judith.

Casa de banho das damas

A Casa de banho das damas, destinada às mulheres da família do barão – cenário do banho da atriz Maitê Proença no filme A Selva.

A guia da explicações curiosas, como o fato de as ricas filhas dos barões tomarem banho a cada 15 dias e de mandarem lavar suas roupas na França.

As taperas 

Nos casebres, conhecidos como taperas, dormiam e descansavam em condições degradantes os seringueiros, os trabalhadores que extraiam o látex para produzir a borracha num regime de trabalho escravo.

Os seringueiros eram em sua maioria migrantes nordestinos, que foram a região amazônica, com a promessa de ganhar muito dinheiro nos seringais e acabaram, na verdade, se tornando trabalhadores escravos. É uma história terrivel, interessante e difícil de acreditar.

Nesse barraco de madeira aberto, sem proteção, com comida escassa e uma rede ficava o seringueiro com sua família. Muitos morriam com doenças como malária e febre amarela, ou por ataque de animais como onças, cobras e escorpiões.

Às custas desse trabalho, os seringalistas ostentavam riqueza e as cidades da região se tornaram grandes centros.

Manaus, por exemplo, foi a primeira cidade brasileira a ser urbanizada e a segunda a possuir energia elétrica.

Extração do latex

A guia faz demonstração da extração do látex e do processo de defumação, que forma as bolas de borracha (pelas). 

Os seringueiros colocavam o recipente para recolher essa seiva e contam que cada árvore precisava de um intervalo de 3 meses para que pudesse ser usada novamente.

Mais uma caminhada e se chega numa construção rústica que mostra como o látex era defumado ou vulcanizado, transformando-se em enormes bobinas que facilitavam a conservação, o transporte e armazenamento.

Esse processo manual era feito em um tipo de forno à lenha, esquentando lentamente o látex.

O calor e a fumaça são conservantes naturais da borracha, explica Judith.

Todas as visitas são guiadas por funcionários que falam português, espanhol e inglês. As explicações são detalhadas.

No caminho de volta a guia conta sobre o contabando da semente da seringueira para a Malasia e a produção iniciada lá, que tirou o monipólio da borracha amazônica e levou a extração local ao declínio.

Casa de farinha

O passeio também leva para conhecer Casa de farinha, onde era ralada e prensada a mandioca, item de fundamental importância na alimentação dos seringueiros.

Como chegar

Para chegar no museu, o melhor a fazer é pegar uma lancha na Marina do Davi (no trecho final da avenida Coronel Teixeira, mais conhecida como Estrada da Ponta Negra).

O passeio já começa com o percurso inicial. As lanchas costumam levar vários passageiros e muitos deles vão ficando pelo caminho, a maioria em comunidades rurais de Manaus. É uma excelente oportunidade de conhecer, mesmo que rapidamente, a área rural da cidade.

Até o Museu do Seringal, incluindo as paradas nas comunidades, a viagem dura em média de 20 a 30 minutos pelo rio Negro e afluentes. Durante o percurso, pode-se conhecer o rio Negro e entrar em lagos, paranás e igarapés e observar casas flutuantes.

Serviço

*Funcionamento

Às segundas, terças, sextas, quintas e sábados, o horário de funcionamento é das 9h às 16h.

Aos domingos, a visitação ocorrerá das 9h às 15h.

Às quartas-feiras, quando o local fica fechado para manutenção.

*Entrada

R$ 10, por pessoa

Agosto e setembro, a entrada é gratuita

*Endereço

Igarapé São João – Afluente do Igarapé do Tarumã Mirim (Zona Rural), Manaus, Amazonas, Brasil

*Acesso

Somente por via fluvial (barco, de 25 a 30 minutos) pela Marina do David, Avenida Coronel Teixeira no final da Estrada da Ponta Negra. A travessia é feita pela ACAMDAF (092) 3658-6159, que cobra R$ 18 por cada trecho (R$ 18 ida + R$ 18 volta).

*Contatos

E-mail:  museudoseringal@cultura.am.gov.br

Telefone: (92) 3631-6047

*ATENÇÃO:

A acesso aos espaços só será permitido mediante a apresentação da carteira de vacinação com, ao menos, a primeira dose da imunização contra covid-19.

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