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O empresário sul-africano Elon Musk, veio ao Brasil nesta sexta-feira (20) e se encontrou com o presidente Jair Bolsonaro (PL), com quem discutiu investimento em projectos de conectividade para a Amazônia. Os satélites da rede Starlink, do bilionário, serão usados para conectar 19 mil escolas em áreas rurais e ajudar no monitoramento da Amazônia.

Durante a reunião, o bilionário e CEO da Tesla postou nas redes sociais. No Twitter, ele anunciou que trará internet para conectar regiões sem cobertura na Amazônia: “Super animado por estar no Brasil para o lançamento da Starlink para 19 mil escolas desconectadas em áreas rurais e monitoramento ambiental da Amazônia!”

Bolsonaro e Musk durante evento no interior de São Paulo. Foto:Reprodução/Twitter/Bolsonaro

Starlink: Internet banda larga via satélite

A Starlink é um braço da SpaceX, empresa de transporte espacial do bilionário, que utiliza satélites em órbita baixa para prover serviços de internet banda larga.

Apesar de ainda não estar no Brasil, em janeiro, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) deu aval para a Starlink operar no país.

Segundo a CNN Brasil em março, a empresa de satélites divulgou que os usuários brasileiros interessados no serviço da empresa precisarão pagar R$ 530 mensalmente, além do custo inicial de transporte e de pagamento dos equipamentos.

O frete e manuseio do chamado “Kit Starlink” fica em torno de R$ 365, enquanto o kit custa R$ 2.670. No total, o valor é um pouco maior que R$ 3.000. O kit vem com uma antena, um roteador Wi-Fi, uma fonte de energia, cabos e uma base. É preciso pagar, ainda, os impostos sobre o produto.

Em seu site, a Starlink afirma que espera iniciar os serviços entre o início e meados de 2022. Por enquanto, já é possível reservar o equipamento para entrega. O atendimento dos pedidos é por ordem de chegada.

Um dos diferenciais da companhia é fornecer internet por meio de uma constelação de pequenos satélites de baixa órbita, que circulam ao redor da Terra a uma distância de cerca de 550 km —em contraposição, satélites geoestacionários ficam a uma altitude de 35 mil km.

Como resultado, a empresa consegue velocidades na casa dos 100 Mbps (megabits por segundo), enquanto empresas de satélite estacionário tem velocidade na casa dos 20 Mbps, segundo levantamento da Ookla, desenvolvedora do app Speedtest, que mede velocidade de internet em diversas partes do mundo.

A empresa de Musk, no entanto, é alvo de críticas, pois observações astronômicas ficam prejudicadas diante do grande volume de satélites em órbita.

97% de escolas rurais não tem acesso à internet

A Fundação Amazonas Sustentável (FAS) e o Unicef publicaram em fevereiro de 2020  o estudo “Recortes e Cenários Educacionais em Localidades Rurais Ribeirinhas do Amazonas” com   resultados de um levantamento feito em 83 escolas de 68 comunidades em cinco municípios do Amazonas. O estudo mostra que “o acesso à internet é restrito a apenas 3% das escolas pesquisadas, e só há energia elétrica em 34% delas”.

O levantamento foi realizado em cinco municípios amazonenses – Itapiranga, Maraã, Maués, Novo Aripuanã e Uarini – e tinha o objetivo de conhecer a fundo o que existe e o que não existe sobre o ensino de crianças e adolescentes nessas localidades, divulgou o portal Amazônia.

Nas escolas analisadas internet ainda era uma realidade distante, já que 97% delas não tinham acesso à rede. Das escolas municipais que têm acesso, 3% encontram-se exclusivamente em áreas fora das Unidades de Conservação (UCs).

Foto: Bruno Kelly/FAS

“O computador é um dos principais equipamentos eletrônicos encontrados na zona rural amazonense, no entanto, é interessante constatar que muitos deles não são utilizados. Entre os 80 computadores distribuídos entre as escolas visitadas, 46% não eram utilizados”.

Essas escolas ficam situadas em diversas comunidades ribeirinhas dentro das Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Anamã, que fica no município de Maraã; na RDS do Juma, em Novo Aripuanã; RDS Mamirauá, em Uarini; RDS do Uatumã, em Itapiranga; e na Floresta Estadual de Maués, no município de Maués. Das 83 escolas, quatro já estavam extintas e três paralisadas.

Foto: Marcello Vitorino – iStock

Sem energia nem  infraestrutura

Sobre fornecimento de energia elétrica, só 34% das escolas tinham acesso ao serviço, e mesmo aquelas com energia apresentavam problemas com o abastecimento, já que apenas 24% relataram não ter tido complicações de energia ao longo do ano letivo.

 Outro fator importante é que 94% dessas instituições de ensino possuíam prédios escolares próprios dos órgãos regionais de educação e, desse total, 10% tinham infraestruturas complementares e que também eram usadas das como salas de aula.

Fatores específicos da Amazônia como a extensão territorial, transporte predominantemente fluvial, alto custo logístico de viagens, além fenômenos naturais como seca e cheia dos rios fazem do ensino na região algo bem mais desafiador que no resto do Brasil. Foto: Agência Pública

No entanto, 6% das escolas ainda não funcionavam em prédios escolares, mas sim em igrejas/templos, centros sociais e casas de comunitários.

Conforme os pesquisadores da FAS e da Unicef, há quase que uma “inexistência” das escolas rurais ribeirinhas do Amazonas para o resto do País, o que compromete justamente a adoção de políticas públicas voltadas às realidades dessas regiões.

É universal a existência de salas compartilhadas, isto é, salas que possuem diferentes usos em um mesmo espaço”, disse o estudo. Nesse contexto, 45% possuíam apenas uma sala de aula e 33% tinham mais de duas salas. Foto: Bruno Kelly/FAS

Ainda de acordo com a pesquisa, outro dado interessante é que 65% dos docentes tinham nível superior de escolaridade. Mais da metade (58,3%) não tinham gestor e 41,7% tinham. Além disso, em 12% das escolas visitadas a equipe escolar era composta apenas por um professor. Nas escolas visitadas só 2% declararam usar materiais didáticos regionalizados específicos que atendessem à diversidade sociocultural.

Lancha escolar fluvial no interior do Amazonas. Transportam os alunos das escolas municipais, localizadas na zona ribeirinha de Manaus (Foto: Robervaldo Rocha/CMM)

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