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A Amazônia possui mais de dez mil plantas com princípios ativos com potencial medicinal, na área de cosméticos e da agricultura, como forma de controle de pragas naturais e sem consequências nocivas como os agrotóxicos. Uma das formas mais tradicionais e populares é o uso de ervas e plantas para tratamentos de doenças e melhorias na saúde.

Extratos da casca de uxi amarelo, planta nativa da Amazônia, apresentaram potencial para diminuir os níveis de colesterol e retroceder a evolução da obesidade em camundongos, indicam testes realizados em laboratório, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

O estudo atestou ainda a capacidade antioxidante e antimicrobiana da carapanaúba, planta que tem eficácia no combate a células tumorais.

De acordo com a coordenadora da pesquisa e doutora em Química Orgânica, Rita de Cassia Nunomura, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), os animais tratados com extratos de uxi amarelo demonstraram perda de peso significativa após o período de 40 dias, quando comparado com o grupo de roedores que não recebeu tratamento com a planta.

Dra. Rita de Cássia Saraiva Nunomura, coordenadora do projeto de pesquisa e doutora em Química Orgânica. Foto Érico Xavier/Fapeam

“O objetivo da pesquisa foi avaliar a influência da administração do extrato de uxi amarelo sobre a obesidade através de camundongos com obesidade induzida por ração experimental”, apontou a pesquisadora.

No estudo, informou Rita, os animais foram divididos quatro grupos, cada um com seis camundongos machos, sendo o grupo I de controle, alimentado com ração comercial, e os demais grupos alimentados com ração para indução da obesidade. 

“Os grupos II e IV receberam o extrato aquoso de uxi na forma de tratamento e prevenção, respectivamente, e ao final, foram avaliados os níveis de colesterol total e triglicerídeo”, explicou.

Plantas amazônicas

O projeto abordou o estudo da composição química e atividade biológica de três espécies de plantas consideradas medicinais pela população.

A partir disso, a pesquisa verificou questões de eficácia e segurança científica do:

-Carapanaúba,

-Jucá, 

-Uxi amarelo

Sendo a última com maior capacidade para promover melhoras nos níveis de colesterol e na redução de peso dos camundongos testados.

Dados alcançados por meio da pesquisa também indicaram que extratos de carapanaúba apresentaram resultados promissores no combate a células tumorais e possuem atividade antioxidante significativa.

Segundo Rita de Cassia, o estudo vai possibilitar futuros estudos sobre a produção e a autenticação de novos medicamentos e fitoterápicos, para o acesso da população, diante das atividades antioxidante e anti-obesidade observadas nas plantas analisadas.

Além disso, a pesquisa demonstra a importância das espécies nativas da Amazônia e contribui para a manutenção da floresta em pé, por meio da utilização científica de espécies de modo biossustentável.

Pesquisadores e financiamento

Doze pesquisadores vinculados à Ufam, ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e à Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) participaram da pesquisa “Química e farmacologia de plantas amazônicas utilizadas para o tratamento de inflamações uterinas e obesidade”, iniciada em 2018 e finalizada em 2020.

O projeto intitulado “Química e farmacologia de plantas amazônicas utilizadas para o tratamento de inflamações uterinas e obesidade” recebeu apoio da Fapeam, via Edital nº 002/2018 do Programa Universal.

A Amazônia desperta interesse da comunidade científica devido à possibilidade de ação medicinal das ervas regionais. Foto: Érico Xavier/Fapeam

De acordo com Agência Amazonas, o programa financia atividades de pesquisa científica, tecnológica e de inovação, ou de transferência tecnológica, em todas as áreas do conhecimento, que representem contribuição significativa para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do Amazonas em instituição de pesquisa ou ensino superior ou centro de pesquisa, público ou privado, sem fins lucrativos, com sede ou unidade permanente no estado.

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