A aeronave conhecida como “táxi elétrico” ocupou o centro do palco no Singapore Airshow 2022, nesta semana.
Em um momento em que a pressão para a economia global reduzir as emissões e se recuperar da pandemia leva as companhias aéreas a investir em propostas de trajetos curtos dentro das cidades com veículos “verdes” movidos a bateria.
Emissões limpas
O impulso promete expandir uma geração de aeronaves com emissões mais limpas que permitem às transportadoras oferecer viagens rápidas e com preços razoáveis, competindo com serviços de helicóptero, táxi e trem, publicou a Agência Bloomberg.
Com estimativa de ter 82,5 mil eVTOLs (veículo elétrico de pouso e decolagem na vertical) para transporte de passageiros em operação até 2050, a região da Ásia-Pacífico será responsável por 51% do mercado global, de acordo com um estudo da Rolls-Royce divulgado esta semana.
Esse tipo de aeronave pode ser usado como transporte rumo a aeroportos, para voos turísticos relativamente curtos ou viagens intermunicipais, voando até 250 quilômetros sem recarregar, de acordo com o estudo.
Serviço sustentável
Embora as vendas de aeronaves convencionais na feira tenham sido modestas, a AirAsia chegou a um acordo com a empresa de leasing de aeronaves Avolon, que encomendou 500 aeronaves VX4 da startup do Reino Unido.
Também a Embraer e a Microflite, uma operadora de helicópteros australiana, anunciaram um pedido de até 40 aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical, ou eVTOLs, para apoiar o início das operações na Austrália em 2026.
“A descarbonização é o maior desafio do mundo que nossa geração enfrenta, e é a maior oportunidade que temos no setor de aviação”, disse Domhnal Slattery, CEO da Avolon.
“A eletrificação das aeronaves é um primeiro e importante passo nessa jornada”, completou ele, segundo a Agência Bloomberg.
Cenário
Um número crescente de transportadoras está analisando o mercado de aeronaves movidas a bateria para conectar centros de negócios a aeroportos e transportar pessoas entre cidades.
Companhias aéreas tradicionais, incluindo American Airlines, Virgin Atlantic Airways e Japan Airlines, juntas, encomendaram centenas de eVTOLs verticais.
Enquanto isso, startups como Eve, Vertical e Joby Aviation estão correndo para refinar a tecnologia e obter certificações de segurança.
Uber
A Uber quer ser pioneira na oferta regular de transporte aéreo urbano sob demada por aplicativo, à semelhança dos serviços de táxi que oferece em vários países.
Los Angeles e Dallas, nos Estados Unidos, e Doha, no Catar, são as cidades que provavelmente iniciarão o Uber Air.
O Embraer sVTOL, veículo elétrico de pouso e decolagem na vertical
Em SP será popular
“Muito em breve, a cidade de São Paulo/Brasil pode colocar à prova a agilidade e a eficiência de um novo serviço de táxi aéreo com emissão zero de carbono. A empreitada é um projeto da companhia aérea Gol em parceria com a empresa irlandesa Avolon”, publicou The Guardiam em setembro de 2021.
A expectativa é que, ao todo, 500 aeronaves participem da operação programada para 2024 ou 2025 e que promete democratizar o transporte aéreo urbano.
Segundo Dómhnal Slattery, CEO da Avolon, o serviço – ainda sem nome – será extremamente disruptivo e pode mudar completamente a percepção do público local em relação a transportes aéreos de curtas distâncias dentro da cidade.
Para ele, enquanto os helicópteros e jatinhos são domínio dos “ultra ricos” da região, os táxis aéreos elétricos têm a combinação perfeita de custo, desempenho e praticidade.
Os equipamentos VA-X4 eVTOLs são uma mistura de helicóptero e planador, operam de forma 100% elétrica e podem decolar e pousar na vertical.
Nossas estimativas iniciais no momento são de que os custos operacionais para esse tipo de veículo é o equivalente a US$ 1 por passageiro para um trecho de 40 km”, comenta o executivo em entrevista ao Financial Times, revelando que o objetivo final é que o preço total da viagem seja o mesmo de uma corrida de Uber – só que pelo ar.
Se o projeto de táxi aéreo der certo e ajudar a população local a superar o trânsito cada vez mais caótico da capital paulista, uma das maiores e mais populosas cidades do mundo, a ideia é levar um serviço similar para a Ásia.