Com o risco cada vez maior do esgotamento dos recursos naturais, diversas áreas produtivas têm procurado formas de fazer a sua parte para a preservação do meio ambiente. Com a arquitetura não é diferente.
Por isso, surgiu o termo “arquitetura sustentável”, que diz respeito aos projetos que visam diminuir seu impacto ambiental ao mínimo, usando fontes renováveis de energia e diversas estratégias.
As casas “verdes” ou ecológicas são um exemplo desse tipo de arquitetura e vêm cada vez mais passando de planta para projeto. Escolher por construir uma casa “verde”, é optar pelo bem-estar pessoal e o bem do meio ambiente.
Algumas características dos projetos ecológicos e sustentáveis contemplam o reaproveitamento da água das chuvas, uso de energia solar, telhados verdes, iluminação natural, construção rápida e com otimização de materiais, reutilização e reciclagem de recursos.
Casas ecológicas são construídas de modo que a luz do sol seja a principal fonte de energia do recinto, com painéis solares e conversores, toda luz solar é convertida em energia e armazenada para o consumo noturno, já que durante o dia, a estrutura da casa permite que a luz solar acesse todos os cômodos iluminando-os, poupando lâmpadas e, ventilando o local, dispensando ar-condicionado ou ventiladores, divulgou o portal Ciclovivo.
Se compararmos uma casa ecológica com uma casa convencional, a casa ecológica apresenta diversas vantagens, entre elas, o preço que é relativamente menor, e, o tempo de construção menor.
Menos é mais
Adotar a filosofia de que menos é mais e viver de maneira mais leve e simples se torna fácil dentro de um espaço projetado especialmente para esta escolha. Esta é a ideia por trás da casa Adraga, uma mini casa (Tiny house, em inglés) sobre rodas projetada pela Madeiguincho, empresa familiar portuguesa que une arquitetura e marcenaria.
A empresa projeta e produz mini casas personalizadas. A Adraga foi construída para um casal de aposentados, unindo não só conforto e facilidade, mas a preocupação em criar uma conexão maior com a natureza, já que os moradores queriam se desconectar do ritmo frenético da cidade e se reconectar com um modo de vida mais simples e natural.
Para isso o projeto inclui sistemas de coleta de água de chuva, espaço para compostagem e energia solar.
Olhando por fora são 7 metros de uma estrutura revestida em madeira. Gonçalo Marrote, arquiteto e CEO da Madeiguincho, explica que a ideia é integrar a casa com os canteiros e a área de compostagem – os próximos passos do projeto.
Dessa forma o casal terá fácil acesso aos alimentos produzidos e ao adubo orgânico que vai ser usado no cultivo.
Com grandes portas envidraçadas, uma extremidade da casa se abre completamente para o exterior nos dias de calor, evitando o uso de ar condicionado.
Com temperaturas baixas, os vidros permitem a entrada de luz natural, reduzindo assim a dependência de iluminação artificial e o consumo de energia.
Todas as necessidades elétricas são abastecidas por painéis solares, instalados no telhado e voltados para o sul. As placas ainda podem ser ajustadas para uma inclinação de 30%, o que maximiza a produção de energia renovável ao longo de todo o ano.
A energia produzida é então armazenada para uso posterior.
Optimizar os espaços
No interior, o objetivo é otimizar ao máximo os espaços de convivência e armazenamento, com móveis multifuncionais e espaços para guardar as coisas inseridos em diversos lugares, garantindo fácil acesso a tudo, sem prejudicar a decoração.
Dois exemplos são o sofá da sala de estar, que tem espaço de armazenamento na parte inferior, e a mesa de jantar dobrável que pode aumentar ou diminuir de tamanho de acordo com a quantidade de pessoas.
O “sofá-baú” pode ser usado tanto como cadeira para um jantar como se transformar numa cama extra de hóspedes, com a mesa de jantar deslocada para o lado.
O espaço da cozinha também é otimizado com ideias de design simples, mas bastante eficazes. O fogão fica embutido no balcão e pode ser coberto com uma tábua grossa de madeira, garantindo mais espaço na bancada.
As escadas têm degraus largos para facilitar o acesso ao quarto, mas também funcionam como um armário embutido, graças aos espaços de armazenamento incluídos sob os degraus.
A cama é grande e mostra que a vida em uma mini-casa não é sinônimo de desconforto. Quem ainda tem alguma dúvida, pode dar uma olhada no banheiro, com uma área de ducha bem especial.
Todos os recursos fazem com que “cada pequena casa se torne um organismo vivo móvel totalmente sustentável”, afirma o escritório Madeiguincho.
O movimento das mini casas (Tiny Houses, em inglês) já existe há muito tempo, mas a procura aumentou no último ano com a pandemia, segundo a arquiteta Camilla Pereira, do escritório Porto Quadrado.
Uma educação voltada para a consciência ecológica e a convivência com a natureza formam o alicerce para que as futuras gerações vivam mais harmoniosamente. É ainda um caminho longo a ser percorrido, mas que passo a passo vem sendo conquistado.