Com o aumento da frequência de tempestades, inundações, secas, incêndios e ondas de calor em todo o mundo, surge a preocupação generalizada sobre as medidas que podem ser tomadas para combater o aquecimento global.
O jornal The Guardian entrevistou 380 dos principais cientistas climáticos do mundo, que têm contribuído com relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas desde 2018, em busca de respostas.
Esses especialistas oferecem insights valiosos sobre as ações que podem ser adotadas para enfrentar essa crise climática.
A seguir, confira o que eles recomendaram:
Escolher políticos que têm propostas ambientais
Este é um ano de eleição em diversos países, como Estados Unidos, Índia, Reino Unido, México, África do Sul e Brasil. E votar em políticos que prometem medidas climáticas fortes é a indicação de 76% dos especialistas consultados pelo jornal britânico.
“A ciência existe, mas a falta de vontade dos políticos em todo o mundo está retardando [a ação para] a mudança climática”, disse o professor Alexander Milner, da Universidade de Birmingham,
Voar menos
A segunda medida individual mais eficaz para cuidar do planeta, segundo 56% dos cientistas entrevistados, é reduzir os transportes aéreos e movidos a combustíveis fósseis, optando por transportes elétricos e públicos.
A aviação é responsável por cerca de 2% das emissões globais de dióxido de carbono (CO2), lançando na atmosfera 800 milhões de toneladas do gás. O The Guardian destaca que voar é a atividade mais poluente que um indivíduo pode realizar e constitui uma grande parte da pegada de carbono dos países ricos.
Comer menos carne
A produção de carne tem um impacto enorme no meio ambiente, pois contribui para o desmatamento, utiliza grandes quantidades de recursos naturais, como o solo e a água, e ainda emite grandes quantidades de gases de efeito estufa.
Sendo assim, quase 30% dos especialistas afirmaram que comer menos carne é fundamental para mitigar os efeitos da mudança climática.
Outras medidas
- Economize energia e invista em eficiência energética.
- Desligue aparelhos e lâmpadas que não estão sendo usados.
- Dê preferência ao uso de fontes de energia limpa e renováveis, como a energia solar, a energia eólica (dos ventos) e a biomassa.
- Reduza o consumo de combustíveis fósseis e seus derivados, como o petróleo e a gasolina. Procure deixar o carro em casa. Prefira usar o transporte público, assim você ajudará a reduzir a poluição. Se usar o carro, dê carona a familiares, vizinhos e amigos. Dê preferência ao uso de biocombustíveis como o etanol e biodiesel.
- Não queime lixo.
- Plante árvores e utilize plantas em sua decoração.
- Use a internet para fazer reuniões; assim, você deixa de usar o carro ou o avião e, consequentemente, ajuda a reduzir a poluição.
- Denuncie desmatamentos e queimadas às autoridades responsáveis.
A ação individual pode realmente ajudar?
Segundo o The Guardian, muitos dos especialistas foram claros quanto aos limites da ação individual. “Isso só pode ir até certo ponto. São necessários cortes profundos e rápidos nas emissões de carbono provenientes do petróleo e do gás, bem como de outros setores, como o de transportes, que estão fora do controlo do indivíduo médio”, afirmou Shobha Maharaj, cientista de impactos climáticos de Trinidad e Tobago.
O que acontece no Brasil
O Brasil está entre os dez maiores emissores globais de gases de efeito estufa (GEE), precedido por China, EUA, União Europeia, Índia e Rússia. Seu padrão de emissões, no entanto, difere significativamente da média global.
Enquanto as emissões brasileiras decorrem principalmente de mudanças no uso da terra e desmatamento (50%) e da agropecuária (24%), na média dos países do G20 cerca de 70% das emissões estão relacionadas ao setor de energia.
Segundo o Climate Transparency do ano 2022 a matriz energética brasileira é mais renovável que a das maiores economias mundiais, o que representa uma vantagem comparativa no contexto da transição energética. Em especial em sua matriz elétrica, o país se destaca com mais de 80% da geração oriunda de fontes renováveis contra 29% na média dos demais países do G20 .